A Origem da Bruxa: História, Cultura e Modernidade

Bruxas

Introdução

Um estudo sobre bruxas e feiticeiras é uma jornada fascinante que atravessa a história, a antropologia e a linguística. Longe de ser um conceito único, a figura da bruxa se transformou radicalmente ao longo do tempo, assumindo diferentes papéis e significados em diversas culturas, até chegar na modernidade 

Devido a tamanha confusão sobre o que é bruxa, feiticeira, significados, semânticas trato aqui sobre algumas diferenciações para fins de conhecimento e esclarecimento.

A etimologia das palavras: bruxa e feiticeira

A origem da palavra bruxa é incerta e bastante debatida. Uma das teorias mais aceitas sugere que ela pode vir do latim vulgar broscia, possivelmente relacionada a conceitos como “correr pelo mato” ou “queimar”.

Já o termo feiticeira possui uma origem mais clara e direta, derivando do latim facticius, que significa “feito”, “fabricado” ou “artificial”. Essa etimologia se alinha perfeitamente com a essência da feitiçaria, que se baseia na manipulação de ingredientes e objetos para a criação de poções, feitiços e encantamentos, ou seja, na “fabricação” de magia.

O papel da mulher na antiguidade e a confusão de termos

No período neolítico, época dos caçadores e tribos, as mulheres tinham um papel de liderança e centralidade na comunidade. Como detentoras do conhecimento sobre plantas, medicina e ciclos da natureza, elas eram as curandeiras e sacerdotisas que guiavam as tribos. Sua conexão com a fertilidade, tanto da terra quanto da linhagem humana, era reverenciada, e elas eram vistas como mediadoras entre o mundo material e o espiritual. Nesse contexto, a palavra mais adequada para descrevê-las é sacerdotisa, pois reflete seu papel sagrado e socialmente aceito.

Por que “sacerdotisa” é a escolha mais precisa?

Contexto espiritual e religioso: Essas mulheres tinham uma “profunda ligação com o espiritual” e atuavam em rituais e previsões. O termo sacerdotisa se refere exatamente a uma mulher com autoridade religiosa e que atua como mediadora entre o mundo terreno e o divino.

Função de liderança: Elas eram as “anciãs que obtinham uma profunda ligação com o espiritual” e “orientavam a tribo”. A figura da sacerdotisa carrega a ideia de liderança e de um papel central na comunidade.

Sacerdotisa

O papel das mulheres que cultuavam divindades nas civilizações antigas

Nas sociedades pré-históricas e nas civilizações da Antiguidade Clássica, como Grécia e Roma, o termo mais adequado para descrever as mulheres que cultuavam divindades pagãs e praticavam rituais é sacerdotisa. Elas não eram figuras marginalizadas, mas sim líderes religiosas e detentoras de um poder espiritual e social legítimo.

Sacerdotisas na Grécia e em Roma: Essas mulheres serviam em templos, dedicados a divindades como Hécate (deusa da encruzilhada e da magia), Diana (deusa da caça e da lua) e Vesta (deusa do lar e do fogo sagrado). Elas realizavam rituais, faziam previsões e atuavam como mediadoras entre os mortais e os deuses. Algumas, como as do Oráculo de Delfos, eram consultadas por reis e líderes.

A prática da magia: Muitas dessas sacerdotisas também praticavam a feitiçaria, que na época era vista como uma habilidade, não como um crime. Elas manipulavam ervas, faziam poções e encantamentos para cura, proteção ou amor.

A bruxa na Idade Média e as perseguições históricas

A visão da mulher do campo que cultuava deuses pagãos na antiga Europa mudou drasticamente durante a Renascença e a Reforma. A Igreja, em ascensão e buscando consolidar seu poder, começou a estigmatizar as práticas de feitiçaria e as tradições pagãs. O que antes era considerado sabedoria ancestral passou a ser visto como uma ameaça. A figura da mulher que tinha conhecimentos de ervas, feitiços, unguento, oráculos, que cultuava a natureza com celebrações nas estações, que antes representava a conexão com a natureza e o divino, foi demonizada e associada ao diabo e à heresia.

É nesse período que os termos se distorcem, pois tudo que se remete a cultuar a natureza, magia e derivados era considerado crime, culto ao diabo. E escolherem uma palavra: bruxas/bruxaria como forma de acusação. Mais à frente o sentido etimológico.

Curiosamente, a “caça às bruxas” não foi um fenômeno exclusivo da Idade Média, mas sim um evento que atingiu seu auge nos séculos XVI e XVII, com perseguições em lugares como Salem, nos Estados Unidos, e até no Brasil colonial, embora em menor escala.

Bruxas e feiticeiras

Desvendando as palavras: bruxa, feiticeira e outras definições

É importante entender as distinções para não cair em estereótipos:

 Bruxa: Na visão moderna, está ligada a uma tradição espiritual, como a Wicca, que cultua divindades e a natureza. Ela usa feitiços, manipulação de energias, mas sua prática é parte de uma cosmovisão maior.

Feiticeira: Essa figura se concentra na técnica, na manipulação de energias e na criação de feitiços para alcançar um objetivo, sem necessariamente ter uma conexão com uma divindade ou com a natureza. Toda bruxa pode ser feiticeira, mas nem toda feiticeira é bruxa.

 Warlock: Um termo comumente traduzido como “bruxo” ou “mago”, mas que, em sua origem, significava “traidor” ou “alguém que quebra um juramento”. O termo, popularizado na Escócia, foi associado à bruxaria diabólica.

 Wizard: A palavra, que significa “mago”, vem do inglês antigo e se refere a uma pessoa de grande sabedoria e conhecimento. Diferentemente da bruxa, o wizard (mago) é um praticante de “alta magia”, um sistema mais intelectual e complexo.

Esse artigo também apontará para a problemática tradução do termo “bruxa” para outras culturas. No Brasil colonial, por exemplo, os missionários católicos usaram a palavra para descrever práticas africanas e indígenas que não compreendiam.

 Existem pessoas que acreditam que o poder ancestral das Iyami Àjé (Mães do Poder Feminino) do povo Iorubá está relacionado com “bruxas”. Essa tradução apagou o significado original das palavras e carregou essas figuras com a conotação negativa e demoníaca da bruxaria europeia, criando uma confusão semântica que persiste até hoje. Será abordado mais à frente.

História da bruxaria

O que não é ser uma bruxa? Baseado no Livro História da Bruxaria 

“Podem dizer que “bruxa” é uma pessoa que tem poderes psíquicos. É verdade que muitas bruxas afirmam ter poderes psíquicos, mas isso não prova se de fato elas os possuem ou não, nem se a simples posse de tais poderes transformaria uma pessoa em bruxa.  Existem muitos outros elementos para se caracterizar uma bruxa. 

Algumas pessoas podem imaginar vagamente que bruxas praticam alguma coisa parecida com vodu. Isso é sinal de que tais pessoas interpretam mal tanto a bruxaria como o vodu. O vodu é uma religião que combina o cristianismo com o paganismo africano, e seus rituais são praticados como um meio de proteção contra a bruxaria.

Há respostas mais acuradas e úteis para a pergunta que se coloca no título desta introdução:

Bruxa é o mesmo que feiticeira: esta é a abordagem antropológica; (aqui como dissertei antes, o nome mais apropriado é sacerdotisa para a abordagem antropológicas pois se depara com tribos e civilizações antigas.

A bruxa adora o Diabo: esta é a abordagem histórica para a bruxaria europeia; 

A bruxa reverencia deuses e deusas e pratica a magia para boas causas: este é o enfoque adotado pela maior parte dos bruxos modernos. Cada um desses pontos de vista pode ser justificado.

O equívoco mais comum a respeito da bruxaria é a concepção de que “bruxas não existem”.

Alguém que pretenda mergulhar mais fundo nessa questão encontrará muito pouca ajuda na maioria dos inúmeros livros populares oferecidos nas seções de ocultismo das livrarias. Recentemente, são muitos os trabalhos que se dedicam ao tarô, astrologia, satanismo, abertura de canais (psicografia), mediunidade, cristais, tábua Ouija, quiromancia, extraterrestres, drogas psicodélicas – e também à bruxaria. 

Bruxaria e ocultismo não são a mesma coisa, e muitos bruxos se esforçam ao máximo para dissociar sua imagem e suas práticas de qualquer forma de ocultismo. 

Uma série de enganos nessas muitas definições deve ser mencionada antes de seguirmos em frente. A noção de que o curandeiro é bruxo é um deles.

O curandeiro [witch-doctor] pratica a magia, mas sua função é justamente a de combater as ameaças ou os efeitos da bruxaria.

Outra ideia muito comum, mas igualmente errônea, é a de que a bruxaria (no sentido de magia ou feitiçaria) é igual em qualquer parte do mundo. De fato, existem grandes e profundas variações em diversas culturas. 

Como demonstraremos mais adiante, existe, por exemplo, uma grande diferença histórica entre a bruxaria europeia e a das outras culturas.

Outra afirmação incorreta que se faz sobre o assunto é que a possessão está relacionada com a bruxaria. 

Outra concepção errônea é a de que as bruxas praticam a missa negra. A missa negra é desconhecida na história da bruxaria europeia e certamente não faz parte do repertório dos bruxos modernos.

Alguns satanistas modernos celebram a missa negra mais ou menos pelas mesmas razões, mas o satanismo não tem absolutamente nada a ver com a bruxaria moderna.

Ainda mais uma ideia equivocada, mas amplamente difundida, é a de que a bruxaria é um fenômeno característico da Idade Média. As grandes perseguições às bruxas ocorreram durante a Renascença, a Reforma e o século XVII.

 A afirmação de que bruxas são mulheres velhas é igualmente uma distorção da verdade é um exagero leviano. Tanto no passado como no presente, muitos homens praticaram a bruxaria, além do que muitas bruxas eram bastante jovens – muitas delas eram até crianças.

A Inquisição foi a responsável pela “caça às bruxas” é mais uma afirmação cujo conteúdo é, no máximo, uma meia-verdade. A maioria das perseguições às bruxas foi realizada localmente e dirigida também por autoridades civis (além das eclesiásticas) e que se encontravam, usualmente, nos escalões médios.”

Bruxa

Mas, enfim, o que é uma bruxa?

“Uma das respostas pode ser obtida nas raízes semânticas e no desenvolvimento dos variados termos ligados à sua definição. A palavra witch [“bruxa”, em inglês] deriva de wicca (pronuncia-se “uítcha”, que significa “bruxo”, um praticante masculino da bruxaria) e de wicce (“uitchê”, que é “bruxa”); ambos os termos pertencentes ao inglês antigo (Old English). Os dois substantivos derivam do verbo wiccian (“uítchan”, que quer dizer “jogar um feitiço” ou “lançar um encantamento”).  Contrariamente às crenças de alguns bruxos modernos, a palavra definitivamente não é de origem celta e não tem a menor relação com o verbo witan [“saber”] do inglês antigo, nem com qualquer outra palavra com o significado de wisdom ou “sabedoria”. 

A explicação de que witchcraft [“bruxaria”] significa “a arte dos sábios” (craft of the wise) é inteiramente falsa.

Durante os séculos XVI e XVII designou um high magician [“alto mago”]. Foi somente a partir de 1825, e raramente, que o termo foi usado como sinônimo de “bruxo(a)”.

Sorcerer deriva da palavra francesa sorcier, do latim vulgar sortiarius, ou “adivinho”. Mas em francês, sorcier significa tanto feiticeiro como bruxo. 

A palavra francesa foi introduzida no inglês durante os séculos XIV e XV, tornando-se de uso corrente durante o século XVI. Como no francês, a palavra no inglês sempre foi ambivalente: algumas vezes se refere à simples feitiçaria,outras vezes à bruxaria diabólica. 

Magician [“mago”] deriva do latim magia,” proveniente do grego mageia. A palavra grega magos designava originalmente os sacerdotes-astrólogos iranianos que acompanharam o exército do rei persa Xerxes, quando de sua invasão à Grécia (é bastante provável que os “reis magos” que viajaram para visitar o Menino Jesus fossem alguns desses astrólogos). 

Em inglês, a palavra magic [“magia”] frequentemente implicou um sistema intelectual sofisticado, em oposição às práticas rudes da sorcery [“feitiçaria”]; muitas vezes a denominação inglesa foi high magic [“alta magia”].” A alta magia era mais intelectualizada, e mais elitizada, dos primeiros astrólogos e adivinhos modernos não é parte integrante da história da bruxaria.  Mesmo durante as grandes perseguições às bruxas que ocorreram na Europa, muito poucas pessoas foram acusadas ao mesmo tempo de praticar a magia e a bruxaria, o foco era bruxaria no sentido de reduzir todos os termos que envolviam o paganismo como conhecemos hoje.

As duas tradições são distintas e já estavam separadas nessa época. Não obstante, a bruxaria realmente depende em parte da visão mágica do mundo: de que existem relacionamentos ocultos entre todos os elementos do cosmos. Alguns antropólogos não estabelecem nenhuma distinção entre feitiçaria e bruxaria. 

A palavra inglesa wicca, que já aparece em um manuscrito do século IX, significava originalmente “feiticeiro”; todavia, durante as perseguições às bruxas, passou a ser usada como o sinônimo de maleficus, do latim, que significava um bruxo(a) adorador(a) do diabo, referência aos camponeses da época, e todo tipo de pessoa que praticava paganismo, reduzindo então seu significado.”

Bruxa

Qual é a diferença entre bruxa e feiticeira?

Bruxa:

  • Origem: ligada a cultos, divindades, ciclos da natureza.
  • Essência: a bruxa não apenas faz magia, ela vive uma cosmovisão: rituais, culto a deuses, ancestralidade, conexão com a Terra. Outras características: poderes psíquicos, conhecimento de ervas, encantamentos, oráculos, talismãs, manipula elementos e energias da natureza.
  • Exemplo histórico: as mulheres associadas a Hécate ou Diana, as “feiticeiras noturnas” que voavam em bandos → mas em essência eram devotas, sacerdotisas pagãs que preservavam cultos antigos.
  • Imagem arquetípica: guardiã do conhecimento oculto, mulher liminar (entre mundos).

Feiticeira:

  • Origem: do latim facticius (feito, fabricado).
  • Essência: a feiticeira manipula técnicas e fórmulas mágicas — encantamentos, venenos, filtros de amor, talismãs, pode possuir poderes psíquicos e conhecimento de oráculos.
  • Diferença-chave: não precisa cultuar deuses ou viver dentro de uma tradição espiritual. Pode praticar de forma mais pragmática, “fazer por fazer”.
  • Exemplo histórico: Circe (na Odisseia) transforma homens em porcos → não porque cultua, mas porque domina a arte mágica.
  • Imagem arquetípica: magia prática, manipula energias, conhecedora de receitas e segredos ocultos.

Em resumo:

  • Bruxa → figura espiritual/religiosa, ligada a divindades, natureza e culto. Que também pratica feitiçaria.
  • Feiticeira → figura técnica, que manipula forças mágicas sem necessariamente ter culto ou devoção. Contata espíritos.

Dá pra dizer que toda bruxa pode ser feiticeira (porque conhece feitiços), mas nem toda feiticeira é bruxa (porque nem toda feiticeira cultua divindades, focam mais nas fórmulas mágicas e na comunicação com espíritos terrenos ou desencarnados). 

Mas não se engane, uma não é maior que a outra, não existe hierarquia. Cada uma tem seu respectivo lugar.

África

Como “bruxaria” chega à África

A “bruxaria” como conceito europeu chega à África via colonização:

  • Missionários cristãos traduziram witchcraft para se referirem às práticas espirituais africanas que não batiam com a Bíblia.
  • A partir daí, a palavra “bruxa” ou “feiticeiro” (com conotação negativa) passa a ser usada para descrever os praticantes tradicionais.
  • Mas nas línguas africanas, o termo original é outro: àjé (iorubá), ndoki (banto), mulozi (zulu), etc.

Ou seja: o Candomblé não tem “bruxas” no sentido europeu. Ele tem Iyami, mães ancestrais do poder, e pessoas que praticam feitiçaria (ebós, encantamentos, trabalhos). A palavra “bruxa” é só uma distorção semântica, tudo que a Igreja Católica queria produzir para extinguir deuses pagãos, como devotos e praticantes de magia ou feitiçaria.

África de hoje e a visão de Bruxaria 

Na África contemporânea, a bruxaria é entendida de forma muito diferente da chamada “bruxaria” europeia. Para grande parte da população, ela não é metáfora ou folclore (como vista aqui no Brasil as bruxas, por exemplo, que se define como imaginário popular ou algo que não exista) mas uma força concreta capaz de curar ou destruir, razão pela qual há medo de ser “embruxado” e, ao mesmo tempo, procura por proteção ritual junto a curandeiros e adivinhos. Em países como Angola, Nigéria e Gana, a crença é tão forte que até no futebol existem regras que proíbem o uso de feitiços em campo, refletindo o quanto a magia é percebida como real no cotidiano.

No Brasil: a tradução “bruxa” em Tradições Africanas

Quando missionários católicos e cronistas coloniais chegaram aqui, eles precisavam traduzir práticas africanas e indígenas para categorias que já conheciam. Como na Europa o termo “bruxa” já significava mulher que pratica feitiçaria/arte proibida, o mesmo rótulo foi jogado sobre:

  • as Iyami Àjé (mães do poder feminino, nos iorubás), o que pode descrever em tese o motivo de associação com bruxas hoje em dia;
  • os feiticeiros e curandeiros africanos;
  • até sobre práticas indígenas de xamanismo.

Só que isso é uma traição etimológica: “bruxa” é um termo europeu, que ganhou ressignificação com a Wicca ou Bruxaria Moderna. As Iyami não têm nada disso — são uma outra cosmologia.

Então, sim: aqui no Brasil, há uma substituição reducionista. O que era “mãe do poder feminino” virou “bruxa”. Porque quando se usa “bruxa” para falar das Iyami ou de práticas africanas, acontece uma tradução que encolhe:

  • A Iyami não é só “mulher que faz magia” → é mãe ancestral, poder feminino cósmico, guardiã da fertilidade e da destruição ligada a divindade Olodumare.
  • A palavra “bruxa” no português já vem com uma bagagem histórica europeia, e quando aplicada ao contexto africano, perde-se o contexto histórico original.

Feitiçaria vs. Bruxaria

  • Europa: Bruxaria = ganhou uma ressignificação com a religião neo-pagã (Wicca).
  • Feitiçaria = manipulação de forças ocultas (ervas, venenos, talismãs).
  • A Inquisição misturou as duas coisas, jogando tudo na fogueira.
  • África: Não existe a categoria de “bruxa” como no Ocidente. O que existe é: Àjé → poder feminino ancestral, ligado a criação/destruição.Feitiçaria (no sentido mais prático) → rituais para cura, proteção, maldição, com ervas, sacrifícios, encantamentos.

Quando traduzido ao português, isso foi jogado dentro da palavra “bruxaria”, mas o conteúdo é bem diferente.

Wicca

A bruxa moderna e a ressignificação do termo

Em meados do século XX, com a revogação das últimas leis de perseguição à bruxaria na Inglaterra, surge a Wicca, uma religião neopagã que se baseia nas antigas tradições europeias, como o xamanismo celta e germânico. A bruxaria moderna, ou Wicca, não tem relação com o diabo, mas sim com a reverência à natureza, personificada na “Grande Mãe”, e a prática da magia para fins benéficos.

Nesse contexto, a bruxa moderna é vista como alguém que segue um caminho espiritual, honra a natureza e pratica rituais e feitiços. A religião é praticada por wiccanos, que podem atuar de forma solitária ou em grupos (covens), mas sempre mantendo a mesma base filosófica. A bruxaria, hoje, não é mais um tabu, mas uma religião crescente, sendo reconhecida por diversas instituições, inclusive nos Estados Unidos.

É uma religião que busca reconectar as pessoas com a sabedoria ancestral e com o sagrado feminino, subvertendo o estigma que a bruxa carregou por séculos.

Símbolo de poder: A bruxa moderna tornou-se um símbolo de autonomia, resistência e empoderamento feminino. Ela não apenas pratica magia, mas também honra as bruxas que foram queimadas na inquisição, a herança de suas ancestrais, como as sacerdotisas e feiticeiras da antiguidade.

Ela representa o elo perdido entre a magia como uma prática sagrada e aceita socialmente e o estigma imposto pela perseguição histórica. A bruxa moderna resgata a legitimidade de seu papel e seu poder.

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Bibliografia sugerida

  • ABIMBOLA, Wande. Ifá: An Exposition of Ifá Literary Corpus. Ibadan: Oxford University Press, 1976.
  • JOHNSON, Samuel. The History of the Yorubas: From the Earliest Times to the Beginning of the British Protectorate. London: Routledge, 1921 [1897].
  • RUSSELL, Jeffrey Burton. A História da Bruxaria. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2013.
  • ROBBINS, Rossell Hope. The Encyclopedia of Witchcraft and Demonology. New York: Crown Publishers, 1959.
  • WASHINGTON, Teresa N. Our Mothers, Our Powers, Our Texts: Manifestations of Àjé in Africana Literature. Bloomington: Indiana University Press, 2005.
  • LEVACK, Brian P. The Witch-Hunt in Early Modern Europe. London: Pearson, 2016 [1987].
  • HUTTON, Ronald. The Witch: A History of Fear, from Ancient Times to the Present. New Haven: Yale University Press, 2017.

Fontes online

1 comentário em “A Origem da Bruxa: História, Cultura e Modernidade”

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